Colecistectomia - Cirurgia da vesícula biliar: riscos, dores, recuperação, cicatrizes, sexo, alimentação, enjoo, videolaparoscopia, emagrecimento...

Há alguns anos que eu sentia dores no estômago, no lado superior esquerdo, e achava que eram ocasionados por meu problema de esofagite.

Mas essas dores foram ficando cada vez mais frequentes e fortes, até uma madrugada que tive que me deslocar a uma emergência com uma dor insuportável e no dia seguinte, após exames, foi diagnosticado um problema na vesícula biliar.

Na maioria das pessoas, a doença na vesícula biliar é decorrente da formação de cálculos (pedras) em seu interior, que acabam bloqueando os canais biliares, mas no meu caso esse bloqueio estava ocorrendo pela presença de lama biliar, que na verdade se trata do espessamento da bile  (fica mais grossa) na vesícula.

O médico que me examinou achou que não era caso para cirurgia imediata, pois a bile estava pouco espessa e talvez o problema não se repetisse.

No entanto, alguns meses depois, após alguns episódios com dores fracas, senti uma dor muito forte, o corpo ficou amarelado, principalmente as palmas das mãos e o branco dos olhos, e uma coceira insuportável por todo o corpo, que não passava nunca e não me deixava dormir.

Após novos exames, foi diagnosticado que a coceira e o amarelão ocorreram pelo derramamento no organismo da bile, em razão do entupimento das vias biliares, felizmente já desobstruídas naquele momento.

Diante desse quadro, a conclusão dos médicos foi de que seria necessária a realização da cirurgia para a retirada da vesícula com a maior brevidade possível, pois esses entupimentos dos canais biliares podem levar até à morte, se infeccionar o pâncreas.

No ano passado (2011), fiz a cirurgia por videolaparoscopia, que é a mais indicada principalmente pela recuperação rápida, já que são feitos apenas quatro furinhos, sendo um logo acima do umbigo e os demais em outros locais estratégicos (conforme figura acima).

Ao retornar para o quarto, após a cirurgia, fiquei bastante enjoado, e até vomitei um pouco, mas depois foi melhorando, permanecendo apenas um pouco de dor, mas aceitável.

Fui liberado para ir para casa no dia seguinte, 24 horas após a cirurgia.

O médico forneceu atestado me liberando do trabalho por apenas 15 dias, pois o meu serviço é leve, de escritório. Mas, pelo que me informaram, para quem realiza serviço pesado a licença médica é por período bem superior. Sei de uma pessoa que passou mal por ter feito esforço excessivo cerca de 30 dias após a cirurgia.

Na questão do esforço, o importante é fazer com moderação. Até mesmo sexo é possível depois de uns dez dias, desde que sem fazer muito esforço.

Algumas atividades que fiz: dirigir: 15 dias; caminhada leve: 10 dias; caminhada forte: 30 dias.

Quanto à alimentação, o médico recomendou que ficasse pelo menos 30 dias (o ideal seria 60) sem comer gordura e frituras, mas não cumpri totalmente. Depois de 15 dias comi até um pouquinho de sorvete.

A minha melhora aconteceu progressivamente, cada dia melhor que o anterior, com os cortes secando rapidamente. Apenas os enjoos, que já sentia antes, é que persistiram por mais de 30 dias após a cirurgia, o que não é normal, mas depois diminuíram e finalmente cessaram.

Mesmo me alimentando muito bem e diminuindo drasticamente os exercícios, emagreci cerca de 2,5 kg após a cirurgia, baixando de 77,5 para 75 kg, peso que permaneci por uns quatro meses, mas atualmente já estou com o peso original. Talvez o emagrecimento tenha ocorrido pela ingestão de menos gordura e frituras nesse período.

Recomendo a cirurgia, mas antes de realizar é importante consultar com pelo menos dois médicos para ver se possuem a mesma opinião. Em geral, se a pessoa possui as pedras e não há sintomas, os médicos não recomendam a cirurgia. Se não tivesse sentindo as dores e outros problemas, com certeza não teria feito.

Quanto aos riscos, como qualquer cirurgia, não é totalmente segura, mas, pelo que pesquisei, os casos com complicações graves são cada vez mais raros, às vezes com erros graves, primários, como grampear o canal errado,  cometidos por médicos despreparados.

Por isso, mesmo que tenha as melhores indicações,  acho importante pesquisar, se informar,  bastante sobre o médico que realizará o procedimento. Eu fiz isso. É fundamental.

O mais importante é que, se há riscos em realizar a cirurgia, há riscos muito maiores em não realizá-la para aqueles com sintomas que a recomendam. Eu, por exemplo, não conheço pessoalmente ninguém que tenha morrido numa cirurgia dessas, mas conhecia pelo menos três que faleceram em decorrência de complicações de crises na vesícula.

Era isso e se lembrar de mais alguma coisa, atualizo aqui.

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